Estrutura logística para e-commerce
- Daniel Santos
- 6 de jul. de 2020
- 4 min de leitura
A virada do ano de 2019 para 2020 foi intensa e nos leva a repensar nossa logística para e-commerce e toda nossa base de custos fixos e variáveis.
Enquanto no fim do ano passado se falava em recuperação da economia e se enxergava um futuro com um pouco mais de gás para o ano que começava, logo de cara a natureza mostrou sua força: um vírus se alastrou pelo mundo e forçou os governos a tomarem atitudes drásticas.
Fechamento da indústria, comércio, proibição de circulação de pessoas; não se sabia o que esperar do Novo Coronavírus.
Mas, se por um lado a situação ficou péssima para alguns setores da economia, para outros foi motivo de boom. O comércio eletrônico teve um aumento de 40% nas vendas após a pandemia, segundo pesquisa da ABComm e da Konduto.
Com a proibição de abertura das lojas físicas, houve um aumento de 400% no número de lojas online colocando a prova toda a estrutura logística para e-commerce.
Apesar do e-commerce não ser novidade, o aumento expressivo (mesmo que por necessidade) mostra que aqueles que ainda não tinham aderido às compras via internet agora adentravam esse mundo. A mudança de hábito foi forçada.
E qual a importância da estrutura logística nesse cenário de pandemia do coronavírus?
Ambiente Competitivo
O varejo por si só não possui muitas vantagens competitivas. Se você não é a única empresa a oferecer determinado produto, qualquer outra pode oferecê-lo. Nesse cenário, a competição se dá através de: preço, prazo de entrega e valor do frete.
Aí que entra a logística como criadora de valor. A logística cria valor ao levar bens e serviços aonde eles são necessários e no momento adequado. O consumidor espera uma logística pontual e sem erros, inclusive em momentos de pico de demanda.
Não tolera erros e, se houver falha, o cliente é perdido. A sua operação de e-commerce deve estar preparada, e sua estrutura logística é fundamental para o sucesso.
O que avaliar na operação logística para e-commerce
O planejamento da operação é a parte mais importante. As decisões devem ser tomadas de forma estratégica, pois afetará todo o andamento do negócio. A partir das atividades primárias da logística podemos destacar:
Processamento de pedidos
O processo de processamento de pedidos bem estruturado e organizado garantirá o nível de serviço desejado. A redução do tempo de ciclo e correta formação dos pedidos impactam diretamente no prazo de entrega e na consistência dos pedidos.
Estoques
O gerenciamento dos níveis de estoques é fundamental para garantir que produtos importantes estejam disponíveis e para evitar a ruptura de estoque, sem manter excesso de produtos armazenados.
Transportes
Impacta diretamente no prazo de entrega e custo do frete, e consequentemente na satisfação do cliente. Importante desenvolver relacionamentos com os fornecedores (no caso, as transportadoras), avaliando a escolha de trabalhar com apenas uma ou com mais de uma; firmando acordos de preço e nível de serviço; buscando sempre a opção que seja mais vantajosa para todos, tanto para o cliente final, como empresa e transportadora. O rastreamento dos pedidos é essencial atualmente e o cliente já espera que seja possível rastreá-lo.
Armazenagem
A armazenagem adequada dos produtos garante que estarão em bom estado no momento do envio; a organização do local de armazenagem impacta diretamente no processamento dos pedidos, e consequentemente no tempo de ciclo.
Embalagem
A escolha da embalagem adequada não fornecerá apenas a proteção ao produto, mas também será um dos poucos momentos de interação do cliente com a empresa, o que dá a oportunidade de melhorar a percepção do serviço prestado.
Terceirização da Logística
A questão da terceirização acaba sempre aparecendo no momento do planejamento logístico. O principal dilema da terceirização é a questão do transporte. É claro que se pode manter um veículo ou dois para entrega na região mais próxima do local de armazenagem, mas certamente que trabalhar com transportadoras parceiras faz mais sentido quando aumentamos o raio de operação.
A avaliação de trabalhar apenas com uma transportadora ou se os produtos serão distribuídos por mais de uma empresa parceira é decisão estratégica e devem ser avaliados os diversos cenários com suas vantagens e desvantagens.
Trabalhar com apenas uma transportadora pode aumentar seu volume de negócios com ela e reduzir preços, porém o risco acaba sendo maior. Ao trabalhar com mais de uma transportadora pode-se diluir o volume de entregas com cada parceira e o risco associado se torna menor.
A terceirização dos processos logísticos além do transporte pode começar a fazer sentido a partir do momento que o volume de vendas se torna muito grande, e uma empresa especializada poderá auxiliar no gerenciamento. Empresas pequenas podem muito bem estruturar seus processos logísticos de forma adequada e independente.
Ainda assim, os grandes players do mercado, como Amazon, Mercado Livre e Magazine Luiza, percebem que a vantagem competitiva está justamente em oferecer o melhor nível de serviço ao cliente, e investem pesado em estruturas logísticas próprias e aquisições de empresas do ramo.
Ainda que possuam parcerias com outras empresas, sabem que a competência central a ser desenvolvida não é a capacidade de vender produtos, mas a capacidade de entregá-los com o melhor nível de serviço.
O que esperar do e-commerce, tendências 2021
Os hábitos de consumo foram forçados a um novo padrão. Quem ainda não tinha entrado no mundo das compras on-line foi forçado a entrar e descobriu a comodidade. Não creio que isso será passageiro. Houve um crescimento na modalidade de compras pela internet e as empresas que já estavam expostas e bem estruturadas puderam tirar vantagens da situação.
O futuro do e-commerce é grandioso, e quem estiver bem preparado vai se dar bem.
Fontes:
https://www.istoedinheiro.com.br/pandemia-do-coronavirus-faz-e-commerce-explodir-no-brasil/
https://veja.abril.com.br/economia/coronavirus-comercio-eletronico-cresce-29-no-inicio-de-abril/
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